A Origem do Gesto do Cotoco

Fonte: Histórias e Estórias de Fortaleza, Ceará e Brasil, página 03 Vídeo “As Vaias da Praça do Ferreira (A História do Cotoco)” pelo Dr. João Flávio Nogueira.
Link: https://cearacultural.com.br/gente/videos/

De todas as “vaias” que o povo cearense já promoveu na Praça do Ferreira, além da “Vaia” que o cearense deu no Sol depois que este apareceu depois de uma manhã nublada, outra vaia famosa foi a “do dedo”. Vaia que deu origem ao gesto de “dar o dedo” pra outra pessoa que o importune. Gesto esse, que se espalhou por todo o mundo. Com certeza você já viu o gesto em filmes americanos e até japoneses.

Nogueira Acioly foi o mentor da queda de Clarindo de Queiróz que assumiu o governo em 1896 e ficou no governo por 12 anos. Em 1912 houve uma grande revolta no Ceará por conta dos desmandos do governador que não ligava muito para a questão das secas e flagelados, e em beneficiar os amigos entre outras coisas. Um dos movimentos mais marcantes dessa revolta foi a “Marcha das Crianças”, que o Nogueira Acioly acionou a polícia contra os manifestantes com muita violência, causando a morte de várias crianças. Isso foi o estopim para a sua saída do governo.

Depois de renunciar, Nogueira Acioly “vazou” pro Rio de Janeiro em um navio, viagem ao qual inclusive mataram um dos seus filhos nesse navio de cabotagem. Coisa comum naqueles tempos nada republicanos.

Assumiu então o governo, Franco Rabelo. Haviam então seis secretarias no governo assumido por Franco Rabelo. Porém, seus aliados queriam aumentar as secretarias para doze, treze para acomodar toda a “curriola” de apoiadores que ajudaram na derrubada de Nogueira Acioly. Só que Franco Rabelo resistiu e não quis esse aumento de secretarias. Então esses aliados se voltaram contra ele e fundaram um partido chamado o “Partido dos Marretas”. Esse partido começou a criar problemas para o governo de Franco Rabelo, o que causou insatisfação aos apoiadores do novo
governo.

Uma dessas pessoas apoiadores de Franco Rabelo que se incomodava com essa resistência do “Partido dos Marretas” foi o Sr. Emílio Sá que era proprietário de uma padaria localizada na Praça do Ferreira. Prédio que até hoje ainda abriga uma padaria, ao lado da Farmácia Oswaldo Cruz.
Então o Sr. Emílio, passou a oferecer um pão para quem falasse ou fizesse qualquer outra peripécia contra os “Marretas”. Ato que não surtiu muito efeito, porque os “Marretas” ignoravam qualquer xingamento.

Porém, existia um morador de rua na Praça do Ferreira conhecido como “Capitão Pirarucu”. Figura folclórica conhecido por todos que frequentavam a Praça do Ferreira. O “Capitão Pirarucu” era maneta. Não tinha o braço esquerdo. Situação que lhe rendeu também o apelido de “Cotoco”.

Indignado com o fato do seu gesto de dar um pão para quem “insultasse” os Marretas não surtir os efeitos necessários, o Sr. Emílio propôs ao “Capitão Pirarucu” dar-lhe um prêmio melhor, caso ele praticasse algum ato contra os Marretas que finalmente surtisse um bom efeito.

Então o “Capitão Pirarucu” começou a sua jornada de atos contra as pessoas que pertenciam aos “Marretas”. E o ato se dava em puxar o cidadão Marreta pelo braço, baixar a calça e literalmente fazer um “toque retal” com o “maior de todos” deixando a pessoa totalmente humilhada por conta desse ato praticado em plena praça pública. Então, as outras pessoas passaram a apenas mostrar o dedo para os Marretas, que se afastavam imediatamente constrangidos em passar pelo “exame” em público. Esse gesto ficou conhecido como “dar o cotoco” para uma pessoa em sinal de
desprezo.

Então, quando os americanos estiveram no Ceará na época da Segunda Guerra Mundial entre 1942 e 1943, causavam muita inveja dos cearenses, por conta de serem altos, loiros e causar uma admiração das moças cearenses, que inclusive receberam o apelido de “espilicutes” por seus assanhos pelos americanos.

Então, os cearenses começaram a “dar cotoco” para os americanos, que ficavam sem entender aquele gesto se seria um elogio ou uma desfeita. O importante da história, é que finalmente os americanos entenderam o significado do gesto e o adotaram entre si, levando inclusive o costume para a américa. Daí então o gesto de “dar cotoco” se espalhou pelo mundo todo.

Então, além da “vaia” cearense, que é única e exclusiva, o cearense também “exportou” o velho gesto do “cotoco”.

Compartilhe com os amigosShare on Facebook
Facebook
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin
Pin on Pinterest
Pinterest

Deixe um comentário