Capanga Eleitoral

O capanga eleitoral era antigamente o que hoje é o guarda-costas de determinado candidato ou autoridade. Hoje chamamos também de segurança. Mais antigamente, era o elemento que “segurava a barra” para não deixar que acontecessem coisas que fugissem do interesse do patrão.





No tempo do Brasil Imperial, eram chamados de “cacetistas”, que eram os capangas dos políticos e coronéis. Uma das funções mais importantes dos cacetistas, eram afugentar das seções eleitorais os (propensos) eleitores do candidato adversário.

Em 1905, o cantor João de Barros, gravou a música Capanga Eleitoral, sem indicação de autoria. Resolvi postar essa história e a música, pois o Brasil passa, nesse momento, por uma verdadeira desgovernabilidade, pois no Congresso Nacional, quem não está sendo investigado, está aproveitando a bagunça total para legislar em causa própria. Todo mundo com uma leizinha debaixo do braço pra se beneficiar ou pagar alguma ajudinha pra campanha.

Diga-se bem claro: A Lei da Terceirização e agora a Reforma da Previdência.

Mas, realidade à parte, vamos ao lazer. Desculpe o áudio, pois a gravação é de 1905. Atenção na letra.

Capanga Eleitoral

Foram-se os tempos em que as honras tive
De alto fidalgo de marquês até
Era meu cetro meu cacete dextro
Junto de umas terras onde eu punha o pé
Quantas vitórias não contei nos dias
Do meu reinado que já lá se vão
Cartas eu dava, bajulado eu era
Tinha excelências pr´uma eleição.

Eu fui magôa, eu fui turúma e cuêra
Dez mil urbanos sempre conquistei
Na cabeçada derrubei mil caras
Numa rasteira muitos tombos dei
Quando eu pulava qual cabrito novo
Gingando à frente da procissão
Alas abria num volteio doido
Rodopiava mais do que um pião.

Não passe perto da navalha minha
Pelo gostinho de me ver a sós
Triscava um traço de união com sangue
Num corpo quente sem pesar nem dó
Gente traidora que na própria igreja
Tira essa imagem da vida ruim
A minha faca não fazia graça
E Deus parecia desviar de mim.

Não tinha pernas que sambassem tanto
Quando a crioula me desanda a olhar
Se desfolhava em contrações dengosas
Senti meu peito de paixão magoar
Mas ai daquele que sentar quisesse
Num belo samba feito brucutu
Fazia um curso lá no chão, eu sei
Matava bifes e mais nada fú!

Mas se a crioula desonrava um abra
Pagava caro por querer sair
Tudo certo, já leva e pronto
Nunca fez graça. ninguém sorri
Eu por ciúme de mulher sincera
Caio depressa na real
No ferro velho, no cacete certo
Na capangagem nunca vi rival.

Deixo o meu nome à execução da pátria
Eu fui magro e vivi no lé
A minha gente não retinia
Quando eu era rolo espalhava o pé
Hoje estou velho, escangalhado e pobre
Mas a parceria (…)
Foram-se os tempos de prazer e glórias
Mas muito sangue, derramei-o já.

Não, não me lego à execução da pátria
Aos poderes de (??) que eu sei
(??) e ao cacete executado
Da monarquia que segundo o rei
Arrebatou-se da cidade um dia
Um certo ingrato (aa) ar
Fui pra Fernando de Noronha logo
Que um raio pode se desculpar.

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Uma resposta para “Capanga Eleitoral”

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