Em 1892, nascia em Fortaleza, capital do Ceará, a Padaria Espiritual, uma agremiação fundada no coração da cidade, na famosa Praça do Ferreira, e cujos padeiros e forneiros, na verdade poetas e amantes da literatura nacional e mundial, foram os precursores das academias de letras no Brasil. Tal iniciativa tinha um único e modesto propósito: despertar o interesse pelas letras na província. Findou marcando a história literária brasileira! Continue lendo “Padaria Espiritual”
EX-FODÃO
Não era só uma questão de rima para tonhão, meu verdadeiro nome. Desde menino fui chamado assim. Hoje sou este resto de homem, quase se desmanchando ao andar. Quem imaginaria um cara como eu, atacante dos melhores que surgiu neste país do futebol acabar nessa merdinha que estou agora. Se não fosse essa muleta nem conseguiria entrar nesse estádio para ver esta final com Fra-flu. Continue lendo “EX-FODÃO”
Ela me tratava tão bem
Aqui estou novamente sobre esse sofá macio e cheiroso depois de longo tempo vagando pelas ruas. Ainda fica mais gostoso quando me encosto no colo farto de Zuleica, a gorda, não a cabeleireira, magricela que me expulsou de seu salão por achar que afugentava seus clientes. Não entendi, sempre tive fama de bom companheiro. Voltei para as ruas. Continue lendo “Ela me tratava tão bem”
As Vacas do Coronel
As Vacas do Coronel é um causo retirado do livro “História, fatos e fotos de Viçosa do Ceará” de Gilton Barreto.
Em 1930, Francisco Fontenele era um rico fazendeiro na cidade de Viçosa do Ceará, dedicando-se a exportação de peles de cabras e carneiros para as praças do Sul do país. O grosso da produção ele obtinha nos municípios limites do estado vizinho o Piauí, de onde seus caminhões voltavam abarrotados. A maior parte das peles procedia de Piracuruca que, em seus vastos campos de pastagens, era um dos maiores centros criadores daquele estado. Continue lendo “As Vacas do Coronel”
Casamentos
O primeiro foi com Angélica que se tornou um capeta em três meses. Viveu um inferno antes de encontrar Dagmar, desavergonhada, o traiu até com o visinho.
Correu para os braços de Maria do Amparo que o amparou por pouco tempo. A bebida o afugentou da Consolação que se entregou a Jesus, não o Nazareno, mas o mulherengo do Cais do Porto. Continue lendo “Casamentos”
Paralelas Abissais
Não era a primeira vez que olhava para baixo e pensava pular daquele oitavo andar. Seria questão de segundos e seu corpo num voo abissal logo estaria esfacelado no duro asfalto e tudo estaria acabado e pouco em breve quem se lembrariam de mais um ato suicida. Iria ser apenas mais um desesperado, entre tantos outros jovens para os quais não foi dito que viver não é tão maravilhoso como apregoam. Sua vida tornou-se um encadeamento inesgotável de desenganos. Continue lendo “Paralelas Abissais”
Canto de e para Belchior
Assis Coelho, 01/05/2017
Era um rapaz latino americano
Que ficou muito tempo longe de casa
Cheio de esperança e fé que se mandou
Deixou seus galos noites e quintais
Deixou, também, olhares lacrimosos que hoje trazemos e temos
Mas não se preocupe não, meu irmão,
A vida é diferente a vida é bem pior Continue lendo “Canto de e para Belchior”
Noites e Quintais Enluarados
(Conto de Assis Coelho para lembrar Galos noites e quintais de Belchior)
Olhou-se no espelho e viu o olhar lacrimoso que trazia ultimamente. Fonte de crescentes preocupações e perplexidade diária. Há pouco tempo, não imaginaria que seu corpo, sobretudo seu rosto, não poderia tão cruelmente mostrar os sinais da passagem do tempo. Continue lendo “Noites e Quintais Enluarados”