Pegadinhas da Língua Portuguesa – 01

A partir desse post, vamos dar início a uma série de postagens na categoria Literatura com dicas de Português que vai ajudar muita gente a não cair nas pegadinhas colocadas em provas de vestibular e concursos. As publicações serão semanais. Se você desejar receber os lembretes das publicações, cadastre seu e-mail na lista do blog através do formulário que se abre quando você mover o mouse para fora da área da página ou tentar sair do blog.

Essas dicas são extraídas do ebook gentilmente recebido do pessoal do www.softwareebookecia.com.

Pegadinha 01

Desculpem o transtorno.

O verbo desculpar é transitivo direto e indireto, isto é, ele possui dois objetos: um direto e outro indireto. A ordem em que esses objetos figuram na oração é indiferente. Pode vir primeiro o objeto direto, depois o indireto, ou vice-versa. Trocando em miúdos, quem desculpa, desculpa alguém por alguma coisa. O objeto direto é sempre uma pessoa e o indireto é alguma coisa. Seria muito desagradável, neste caso, procurar o transtorno para desculpá-lo por alguma coisa que tenha feito de errado. Será que foi o transtorno quem escreveu essa frase?

O correto seria escrever:

Desculpem-nos pelo transtorno.

Pegadinha 02

Agradecemos a preferência.

Vamos aprender a agradecer em bom português. Muita gente boa agradece mal aos seus clientes por falta de conhecimento de transitividade verbal. O verbo agradecer, nessa construção, possui outra regência, que o transforma num transitivo indireto acompanhado de um adjunto adverbial de causa. Na frase errada, acima, o agradecimento é dirigido à causa (= a preferência) e não ao seu agente (= o cliente ou os clientes). Para agradecer, corretamente, deve-se escrever assim:

Agradecemo-lhes pela preferência.

ou

Agradecemos aos nossos clientes pela preferência.

Pegadinha 03

São os banqueiros que acabam lucrando.

Neste tópico de dicas de português para concursos, a expressão é que não é genuinamente um verbo. Trata-se simplesmente de uma locução de realce, que a usamos, evidentemente, para dar destaque à ideia expressa na frase. Por tratar-se de um mero adorno frasal, essa locução é totalmente dispensável sem prejuízo para o sentido da oração. Exemplo:

É os banqueiros que acabam lucrando. = Os banqueiros acabam lucrando. (A igualdade é de significação, é lógico.)

Mais exemplos:
Só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem. (Letra de canção portuguesa.) Seria ridículo dizer: Só nós dois somos que sabemos o quanto nos queremos bem. A frase original pode ser escrita, sem nenhum prejuízo para a sua significação: Só nós dois sabemos o quanto nos queremos bem.

É eles que representarão o presidente. Essa frase está correta. Estaria incorreta se fosse escrita assim: São eles que representarão o presidente. Se eliminarmos do contexto a expressão de realce é que, veremos que o sentido é o mesmo: Eles representarão o presidente.

Muito cuidado! Nas questões de português, sobre concordância verbal, as organizadoras de vestibulares e concursos públicos costumam usar, de vez em quando, frases desse tipo, induzindo o vestibulando ou concursando a considerá-las incorretas.

Concluindo, indicamos como escrita correta da frase do topo a seguinte construção: É os banqueiros que acabam lucrando. – ou Os banqueiros é que acabam lucrando.

Lembrar: é que – é uma locução de realce.

Pegadinha 04

Gostaria de colocar minha opinião.

Opiniões não se colocam, se expõem ou se dão. Há também quem gosta de, ao final de um discurso, fazer uma colocação em vez de fazer uma exposição, que é muito mais coerente e elegante. O correto seria escrever:

Gostaria de expor minha opinião.
ou
Gostaria de dar minha opinião.

Pegadinha 05

Vou explicar nos mínimos detalhes.

Veja como, às vezes, o excesso atrapalha. Há expressões, em nossa língua, classificadas como pleonasmos viciosos, que revelam a precariedade linguística de quem os escreve ou assim fala. Nesta dica de português, estamos diante de uma dessas excrescências. Pleonasmo é a repetição de palavras ou expressões de mesmo sentido. A expressão viciosa “nos mínimos detalhes” equivale a aberrações como “subir pra cima”, descer pra baixo, chutar com os pés etc. Em detalhe já está contida a ideia de mínimo. Detalhe significa pormenor, minúcia, no mínimo. Se se pretendesse fazer a explicação em suas mínimas partes, seria suficiente fazê-la em detalhes, ou em seus pormenores, ou ainda em minúcias. Então escrevamos corretamente:

Vou explicar em detalhes.
– ou –
Vou explicar detalhadamente

Pegadinha 06

Inglaterra confirma invasão ao Iraque.

Jamais poderá ocorrer invasão a lugar algum. Porém, o que é possível acontecer é invasão de algum lugar. Escreve-se com correção, assim:

Inglaterra confirma invasão do Iraque.

Veja, a seguir, outros exemplos corretamente escritos:
Invasão de privacidade.
Invasão de domicílio.
A invasão do estádio pela polícia deu-se às 20 horas de ontem.

Pegadinha 07

O acidente aconteceu porque o motorista dormiu no volante.

Para que alguém consiga dormir no volante, é necessário que este seja, no mínimo, do tamanho de uma cama. Convenhamos, volantes desse tamanho ainda não foram fabricados. Então, melhor seria dormir no banco do automóvel ou, mais adequadamente, em uma cama com mais conforto.

Quem dorme bem, dorme em algum lugar. Já “dormir próximo” ou “junto” significa dormir a (preposição) com o respectivo artigo (o ou a). O correto seria escrever:

O acidente aconteceu porque o motorista dormiu ao volante.

A seguir, outros exemplos de frases corretamente grafadas: A moça dormiu ao computador. O marinheiro dormiu ao timão. Romeu dormia à janela de Julieta.

Pegadinha 08

Marcos é um parasita da mulher.

Parasita, com a final, é denominação exclusiva de certas plantas. Para pessoas e animais, usa-se parasito. O correto seria escrever:

Marcos é um parasito da mulher.

Eis outros exemplos de frases corretamente grafadas:

Raquel age como um parasito da mãe.
Há sujeitos que são autênticos parasitos da sociedade.
A pulga é um parasito, como também o é o carrapato.
Precisamos exterminar as parasitas que estão nessa árvore.
As parasitas debilitaram nosso pomar.

Pegadinha 09

Confesso que me simpatizei com ela.

O verbo simpatizar, como também seu antônimo antipatizar não são empregados com pronomes. Portanto, escreve-se correto, grafando-se assim:

Confesso que simpatizei com ela.

Abaixo, seguem outros exemplos de frases corretamente escritas:

Você simpatizou com a moça, mas ela antipatizou com você.
Antipatizo com políticos em geral.
Simpatizamos com a nova professora.
Eles antipatizam conosco.

Pegadinha 10

Ela quer se aparecer.

Isso é o fim da estrada da ignorância. Daí em diante, só resta adentrar no campo da bestialidade.

Certos verbos são essencialmente pronominais como suicidar-se, por exemplo. Outros, porém, jamais podem ser usados com pronomes, como os verbos da dica anterior, simpatizar ou antipatizar. Trazemos um desses verbos que jamais são usados com pronome, que é o verbo aparecer. Esse é um típico verbo intransitivo. Não admite voz reflexiva, objetos de espécie alguma. Não se pode aparecer ninguém e, também, aparecer a si mesmo. Escreve-se corretamente, assim:

Ela quer aparecer.

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